quarta-feira, novembro 16, 2005

O Jardineiro Fiel - 8

O Jardineiro Fiel
(The Constant Gardener, 2005)

Não é fácil compreender este filme, há quem diga que é impossível. Não o é. Nunca estive no vasto continente africano, é bem verdade, mas o pouco de África que me passaram, não por falsas impressões, estas medonhas e injustas, mas por relatos conscientes e responsáveis, permite-me imaginar que O Jardineiro Fiel é ao mesmo tempo revolucionário e impotente. Explico-me. Há uma certa barreira em tratar a África, não apenas pela peculiaridade do tema, que ainda hoje, pós-colonialismo, é por mim observada, mas também pelo olhar pesaroso euro-americano, que se instaurou e constrange o avanço do continente. Mostrar uma África por dentro, filmada in loco, com seus verdadeiros problemas, não é cotidiano no cinema internacional, assim como não o é estampar, rompante, a questão farmacêutica, a corrupção pecaminosa britânica, no caso, e os infortúnios dos povos africanos, mas, veja, de forma óbvia e não apelativa, por isso revolucionária. No entanto, creio ser impotente, pois o filme, além de parecer a muitos uma teoria conspiracionista, não tem o devido alcance e pode passar por mera ficção. Sendo ou não um ato revolucionário impotente, aliás circunstância freqüente por aí, a filmagem, a edição e a fotografia são de especial deleite, também as curtas passagens em swahili, pois há quem aprecie o idioma, além de mim.

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