quinta-feira, março 06, 2008

Os seis signos da luz - 2.5

Os seis signos da luz
(The Seeker: the dark is rising, 2007)


Se você gosta de filmes de fantasia, não assista este. É de cortar o coração de quem ama o gênero. Lançado na onda de As Crônicas de Nárnia (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, 2005) e A Bússola de Ouro (The Golden Compass, 2007), o filme é espaço mais do que comum do começo ao fim. Sério, eu já mestrei campanhas de RPG mais criativas que esse roteiro.

Só não dei nota mais baixa porque a farta referência celta e anglo-saxã desperta pequenos prazeres para quem gosta dessa simbologia. A moça da qual o protagonista não tira o olho (Amelia Warner, Contos Proibidos do Marquês de Sade e Aeon Flux) é gata, isso também valeu bons décimos de ponto. E a locação é bonita.

Algo mais? Não, é só.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Juno - 8.5


Juno
(2007)

Juno não é, como afirmaram na crítica, a adolescente que decide manter uma gravidez indesejada contra tudo e todos. Isso seria imputar clichê demais, por conta e risco da mesma crítica, a um filme excepcional.


Ele representa a adolescência como deve ser: quartos decorados num intermediário entre a infância e a independência; o gosto pelo rock de uma jovem que pensa conhecer tudo do gênero; uma declaração de amor simples, quase sem tato, no meio da aula de educação física. Nenhuma afetação, nada de high school movie, os clichês apenas inevitáveis.


O adolescente do filme não é genial nem idiota, mas uma criança crescida e portanto muito real. Juno é ainda muito nova e, mesmo assim, faz a melhor escolha que ela poderia fazer segundo seus critérios de garota de dezesseis anos. A decisão em não abortar, de fato, não surge de nenhuma convicção ideológica ou subjetiva: a clínica de aborto tinha um desconfortável e descabido clima de consultório de dentista. Juno, assim como os demais personagens (especialmente o pai, o namorado e a madrasta), parece muito bem colocada na história. Não é heroína, nem canalha, nem burra, mas assume uma decisão.


Tudo isso mostra um roteiro muito bem elaborado, fazendo do filme uma história e não apenas uma projeção. É tocante e agridoce, repleto de ironia e frases geniais (procurem por quotes). Além disso, a trilha sonora é muito criativa e apropriada, portanto guardem o nome de seu mentor: Matt Messina. Ele não produziu a trilha de nenhum filme muito famoso, mas pode, como fez agora, surpreender.


E domingo último, à uma e meia da madrugada, o reconhecimento: Juno venceu o Oscar de melhor roteiro.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Meu nome não é Johnny - 7.0

Meu nome não é Johnny
(2008)

Com tema, estilo e enredo que se assemelham ao romance Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, Meu nome não é Johnny retrata uma história recorrente na geração de classe média dos anos oitenta. Baseado no romance homônimo, que se inspira numa história real, o filme retrata a vida de usuário e traficante de drogas João Estrella desde seu, digamos, primeiro “tapinha” até a prisão pela Polícia Federal e alguns anos no xadrez.

A película é fluida, a história se desloca bem pelo tempo e mostra, sem aporrinhação, todos os passos de João pelo uso e tráfico de entorpecentes. O protagonista não se torna um grande traficante, líder de morros e bocas-de-fumo, mas aproveita a grande demanda que havia em seu cotidiano playboy, repleto de farra, para ganhar uma grana, comprar muito pó e torrar todo o dinheiro que sobrasse. Após ser preso, as pesadas cenas de uma amarga realidade carcerária encerram a repetida lição de que o crime não compensa, oferecida sem açúcar nem moralismo.

A trilha sonora chama a atenção com clássicos do rock brasileiro oitentista que, de tão bem apresentados na película, surpreendem o espectador com um impacto digno das grandes bandas britânicas. Sem surpresa, porém, o filme não foge dos cacoetes comuns nas produções brasileiras, recheadas de temas tensos como drogas e crime, trambiques e muitos palavrões – embora estes últimos dêem cor a falas impagáveis, de bandidos ou policiais corruptos (mais clichês), que, de tão engraçadas, criam a tentação de anotá-las num caderno para usá-las oportunamente. Se bem que torcemos para que nunca nos ocorra uma oportunidade semelhante.