quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Juno - 8.5


Juno
(2007)

Juno não é, como afirmaram na crítica, a adolescente que decide manter uma gravidez indesejada contra tudo e todos. Isso seria imputar clichê demais, por conta e risco da mesma crítica, a um filme excepcional.


Ele representa a adolescência como deve ser: quartos decorados num intermediário entre a infância e a independência; o gosto pelo rock de uma jovem que pensa conhecer tudo do gênero; uma declaração de amor simples, quase sem tato, no meio da aula de educação física. Nenhuma afetação, nada de high school movie, os clichês apenas inevitáveis.


O adolescente do filme não é genial nem idiota, mas uma criança crescida e portanto muito real. Juno é ainda muito nova e, mesmo assim, faz a melhor escolha que ela poderia fazer segundo seus critérios de garota de dezesseis anos. A decisão em não abortar, de fato, não surge de nenhuma convicção ideológica ou subjetiva: a clínica de aborto tinha um desconfortável e descabido clima de consultório de dentista. Juno, assim como os demais personagens (especialmente o pai, o namorado e a madrasta), parece muito bem colocada na história. Não é heroína, nem canalha, nem burra, mas assume uma decisão.


Tudo isso mostra um roteiro muito bem elaborado, fazendo do filme uma história e não apenas uma projeção. É tocante e agridoce, repleto de ironia e frases geniais (procurem por quotes). Além disso, a trilha sonora é muito criativa e apropriada, portanto guardem o nome de seu mentor: Matt Messina. Ele não produziu a trilha de nenhum filme muito famoso, mas pode, como fez agora, surpreender.


E domingo último, à uma e meia da madrugada, o reconhecimento: Juno venceu o Oscar de melhor roteiro.